domingo, 3 de novembro de 2013

ATIVIDADE FÍSICA: BOM PRO CORPO E PRA CABEÇA

Um estudo feito com 75 mil usuários do Facebook e publicado na revista científica PLOS ONE demonstrou que o comportamento das pessoas na rede social segue um padrão bem clichê. Guris falam palavrões, gurias falam de compras. Adolescentes, em geral, costumam reclamar da escola. Mas o mais legal da pesquisa, liderada pelo doutor H. Andrew Schwartz, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, é que a análise das postagens, junto com as respostas de um questionário feito com esses voluntários, acabou revelando coisas que vão além do simples comportamento online. Os dados mostram que pessoas mais estáveis emocionalmente costumam publicar posts se referindo a atividades físicas como snowboarding e basquete. E, do outro lado, entre os que faziam parte do grupo considerado instável, apareciam expressões ligadas a doenças e depressão. Isso não significa que praticar esportes te deixa menos neurótico. Pode ser que pessoas nessa condição simplesmente evitem fazer exercícios – e falar sobre isso. Mas, de qualquer maneira, os resultados sugerem que, sim, existe uma relação entre esses coeficientes que pode ser explorada pela ciência em estudos futuros. E as redes sociais, pelo jeito, podem ajudar bastante nisso. CABEÇA NO ESPORTE A relação física e mental é tão íntima que existe uma área dedicada a isso, a Psicologia do Esporte. Apesar de ser mais reconhecida pela área esportiva, segundo a Associação Americana de Psicologia (APA) o interesse dos psicólogos do esporte está voltado para duas áreas: * ajudar atletas a fazerem uso dos princípios psicológicos para alcançar um nível ótimo de saúde mental e otimizar sua performance. * esclarecer como a participação em atividades físicas e desportivas altera o desenvolvimento psicológico, o bem-estar e a saúde de atletas e não atletas. – Atualmente, é reconhecida a importância e o diferencial que pode fazer o emocional do atleta em sua performance. Muitos já se utilizam de profissionais especializados para fazerem sua preparação mental – explica a psicóloga Márcia Pilla do Valle, especialista em Psicologia do Esporte. O gaúcho Samuel de Bona, 23 anos, é especialista em natação em mar aberto, e tem ao seu lado diversos profissionais ligados à alimentação e ao preparo físico. Atleta do Grêmio Náutico União, ele também destaca o acompanhamento psicológico em seus resultados esportivos. – Foi com esse trabalho que eu consegui acreditar mais no meu potencial e que eu poderia conquistar coisas maiores. Me ajuda a perceber que um treino ruim não significa uma sequência ruim, e me ensina a dar a volta por cima – diz Samuel, Campeão Brasileiro de Maratonas do ano passado e 5º colocado no ranking da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas. ESPORTE NA CABEÇA E isso tudo não é exclusividade de atletas profissionais. Quem pratica esportes de maneira amadora, algumas vezes por semana, também pode se manter ainda mais saudável com um acompanhamento psicológico. – Isso porque, além das técnicas específicas da Psicologia do Esporte, sempre que o sujeito se encontra mais equilibrado em sua vida, terá um reflexo positivo em sua atuação esportiva e na vida – diz Márcia. Segundo o professor de Educação Física Felipe Barreto Schuch, mestre e doutorando da área de Psiquiatria pela UFRGS, existem vários estudos demonstrando a ligação entre sintomas depressivos e ansiosos com a prática de exercício físico. Ou seja, pessoas que se exercitam regularmente apresentam menores níveis de depressão, ansiedade e estresse. – Atualmente, o exercício e o esporte são terapias complementares no tratamento desses transtornos, podendo reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida – explica Schuch. No fim, não importa se o objetivo é ganhar um campeonato ou, simplesmente, se sentir melhor. Aliar o exercício físico à saúde mental não tem contraindicações